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Não aceito desculpas, desabafa mãe de João Roberto

Alessandra Soares, que estava com ele na hora do crime, diz que não houve troca de tiros.
Não aceito desculpas, desabafa mãe de João Roberto

Foto: Ricardo Leoni / Agência O Globo

"Não aceito desculpas de governador, de secretário. Nada vai trazer meu filho de volta", desabafou Alessandra Soares, mãe do menino João Roberto, de 3 anos, morto a tiros no último domingo (6) na Tijuca, na Zona Norte do Rio.

Ela estava dentro do carro alvejado e chegou a se jogar para fora do veículo para avisar à polícia que o filho estava ferido. O relato foi feito em entrevista a Ana Maria Braga, no "Mais Você", em sua primeira declaração pública sobre o caso.

"Não havia troca de tiros", diz Alessandra
Segundo Alessandra, não houve troca de tiros na ação policial. "Não havia troca de tiros, eu não estava no meio de tiros. Passou um carro a mil por hora por mim, eu ouvi a sirene atrás e encostei o carro para a polícia passar. Pararam o carro atrás de mim e alvejaram", detalhou a mãe de João.

Os dois policiais suspeitos de atirar contra o carro da família soares estão presos desde terça-feira (7). Os resultados dos laudos do veículo devem ficar prontos nesta quinta-feira (10). Até agora já foram constatadas 17 perfurações causadas por arma de fogo na parte de trás do carro.

Os fragmentos das balas encontrados vão ser comparados com as armas dos policiais. Segundo a polícia, no entanto, há três marcas de tiros na frente do carro e testemunhas dizem terem visto bandidos atirando.

Mãe pede que filho não vire estatística
Na entrevista, Alessandra relatou ainda os últimos momentos com o filho. "Eu gritei: ‘abaixa!’. Ele me perguntou por que e eu pedi pelo amor de deus pra ele abaixar", lembra ela.

Chorando, a mãe disse também que teme que o filho seja apenas mais um número da violência carioca. "Ele não é um número, não quero que ele seja mais um. Ele não é uma estatística horrorosa, ele é um menino e o nome dele é João Roberto", ressaltou.

"A sensação que eu tenho é que eles (a polícia) não estão fazendo nada pra assegurar a nossa segurança. Tenho outro filho e temo muito pela vida dele", completou Alessandra.

Pai aponta erros na ação policial
De mãos dadas com a mulher e muito emocionado, o pai de João Roberto contou o que viu na ação da polícia no bairro, quando cruzou com os carros que seguiam em direção à sua família.

"O rapaz passou por mim como num filme, com o fuzil em punho, sentado na janela. Como ia imaginar que estavam indo de encontro à minha família", indagou Paulo.

O taxista reiterou o pedido de justiça e questionou a postura dos policiais no caso. "Não queremos essa polícia que está aí. É um despreparo total e em decorrência disso perdi um filho, por que o cara não teve a coragem de mandar ninguém sair do carro? Se não fosse uma criança, podia ser um seqüestro, ter reféns... Se fosse bandido, não ia parar o carro e esperar a polícia", ponderou ele, que chamou a mulher de heroína.

Beltrame antecipa equipamentos para polícia
O secretário de Segurança José Mariano Beltrame assistiu ao vivo, ao lado de Ana Maria Braga, à entrevista do casal no "Mais Você" (veja a íntegra ao lado). "Isso tem tocado a gente como, administrador público e como pai. Nenhum argumento vai justificar o injustificável, não vai trazer a criança de volta", disse ele, que afirmou que, apesar da situação, o Rio não está "sem controle".

Segundo o secretário, a cidade vive uma queda nos índices de criminalidade. Ele anunciou ainda a antecipação da chegada de novos equipamentos para agosto.

"Compramos 1.550 carabinas, além de kits de armas não letais no valor de R$ 1 milhão. A gente sabe que as coisas têm que ser mudadas, tem que redesenhar o que o policial está enfrentando nas ruas, e essas mudanças estão sendo implementadas. Aí vem uma dupla de insanos e tira a essência da mudança que a gente quer dar."

‘Não aceito desculpas’, desabafa mãe de João Roberto
Alessandra Soares, que estava com ele na hora do crime, diz que não houve troca de tiros.
Em entrevista a Ana Maria Braga, ela pede que o filho não vire apenas estatística.

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Por: Alexandre Costa Pereira | Imprimir