Categoria Policia  Noticia Atualizada em 19-11-2008

"Maníaco de Guarulhos" diz que foi torturado para confessar
Começou ontem o julgamento dos três rapazes que ficaram 2 anos presos pelo assassinato da jovem Vanessa Batista de Freitas em SP

Foto: Diego Padgurschi /Folha Imagem

DEH OLIVEIRA
colaboração para a Folha Online

O jovem Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado pela polícia de "maníaco de Guarulhos", afirmou à Justiça que só confessou o assassinato de Vanessa Batista de Freitas, 22, em Guarulhos (Grande São Paulo), pois foi torturado por policiais civis. Rodrigues prestou depoimento nesta terça-feira durante o julgamento dos três rapazes acusados do crime.

O depoimento começou por volta das 16h e durou cerca de 45 minutos. Renato Correia de Brito, 24, William César de Brito Silva, 28, e Wagner Conceição da Silva, 25, ficaram cerca de dois anos presos sob a acusação de matar a jovem em Guarulhos, em 2006. Em setembro último, no entanto, eles foram libertados, após o crime ser atribuído a Rodrigues.

Porém, em setembro, ao ser interrogado pela Justiça, Rodrigues passou a negar a autoria do crime.

Hoje, ele afirmou à Justiça que cometeu outros crimes dos quais é suspeito --sem especificar quais seriam. No entanto, em diversos momentos, negou que tenha assassinado Vanessa. Rodrigues também afirmou que "nunca estuprou ninguém".

Em seu depoimento, ele afirmou que foi levado pela Polícia Civil duas vezes ao local onde Vanessa foi morta. Lá, ele teria sido informado sobre os detalhes do assassinado da jovem. Rodrigues afirmou à Justiça que os policiais que supostamente o torturaram também ameaçaram o filho dele.

"Me levaram no local e mostraram onde estava o cadáver. Falaram que no dia seguinte eu ia retornar até lá e que eu tinha de falar o que eles estavam mandando", disse, em depoimento durante o julgamento.

Em 2006, Renato, William e Wagner também disseram à Justiça que tinham sido torturados por policiais militares e civis de Guarulhos para confessar o crime. O delegado Paulo Roberto Poli, no entanto, negou em depoimento na tarde desta terça-feira que os acusados tenham sido torturados.

Rodrigues afirmou ainda que estava em Belo Horizonte (MG) em 2006 --ano em que ocorreu o crime. À Justiça ele disse que estava internado na Fundação Casa (ex-Febem) em Belo Horizonte, de onde teria fugido em 13 de agosto de 2007. Vanessa foi assassinada em agosto de 2006.

Crime

Vanessa Batista de Freitas era namorada de Renato. Segundo a acusação, ele havia encomendado o crime porque queria evitar uma ação judicial para pagamento de pensão alimentícia do filho que tinha com a jovem.

Os jovens, que passaram cerca de dois anos presos, disseram que haviam confessado o crime porque tinham sido torturados por policiais.

PMs

Leandro Basílio Rodrigues foi a quarta pessoa a depor nesta terça-feira. O julgamento começou hoje com os depoimentos do sargento da Polícia Militar Richardson Alves de Alcântara e do cabo Ezequiel Ramos da Mota. Ambos pediram para falar na ausência dos réus.

Em seus depoimentos, os policiais negaram a tortura e afirmaram que Renato ofereceu, na ocasião, R$ 20 mil para evitar a prisão.

Ele disse ainda que Renato confessou espontaneamente o crime, em sua casa, mas que os outros dois rapazes negaram desde o início o envolvimento no crime.

Os dois PMs afirmaram que Inquérito Policial Militar instaurado para apurar o caso não apontou transgressão por parte dos policiais envolvidos no caso.

"Maníaco de Guarulhos" diz que foi torturado para confessar assassinato de jovem.

Começou ontem o julgamento dos três rapazes que ficaram 2 anos presos pelo assassinato da jovem Vanessa Batista de Freitas em SP, cujo crime foi posteriormente assumido pelo homem conhecido como "maníaco de Guarulhos". À Justiça, entretanto, o "maníaco" diz que foi torturado para confessar o assassinato da jovem.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir