Categoria Música  Noticia Atualizada em 19-08-2011

"Não espere por isso", diz A Banda Mais Bonita da Cidade sobre virar hit
Após vídeo viral de "Oração", grupo usa redes sociais para não sair da mídia. G1 publica série de reportagens sobre como montar uma banda.

Foto: g1

"Meu amor, essa é a última oração...". Quatro meses e 7 milhões de cliques depois, A Banda Mais Bonita da Cidade quer provar que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar. Prestes a lançar o seu primeiro álbum, o grupo de Curitiba que virou febre no YouTube com o videoclipe de "Oração" busca diferentes formas de divulgar o seu trabalho para mostrar que não foi uma modinha passageira. A ferramenta escolhida é justamente a que popularizou a banda: a internet, apesar de os integrantes saberem a via de duas mãos que a web é.

Voltando para Curitiba em uma van, depois de um show em Paranavaí (500 km distante), no interior do Paraná, o tecladista Vinícius Nisi falou por telefone ao G1. "Como uma nova banda pode fazer sucesso na internet?", pergunta o repórter. O músico responde: "Não espere por isso".

(Série Como montar uma banda: o G1 publica nesta semana reportagens com as fases pelas quais passam as bandas iniciantes.)

A Banda Mais Bonita da Cidade nasceu em 2009. A vocalista Uyara Torrente conheceu as músicas de Luiz Felipe Leprevost, pelas quais diz ter-se "apaixonado". No mesmo ano houve um primeiro show no Wonka, uma balada no bairro São Francisco, um dos mais tradicionais da capital paranaense. Uma filmagem daquela noite foi apresentada aos amigos, o que deu a liga na formação do grupo.

Já na companhia dos meninos (quatro, todos entusiastas de produção musical), houve um novo primeiro show, dessa vez uma obra coletiva, apresentado em Paranavaí, também em 2009. E entre esse e o sucesso de "Oração" na internet foram mais "uns cinco ou seis shows".

Ela garante que não havia planos para divulgar a banda. "Não teve um ‘vamos fazer isso, ou aquilo, para atingir isso ou aquilo’. A gente não tinha uma estratégia. O que a gente tinha eram amigos que queriam que a banda fizesse mais coisas".

Os "amigos" ajudaram o grupo não apenas na gravação do clipe de "Oração". "Um dos caras fazia nossa luz e nossas fotos lá em 2009, e sem cobrar R$ 1. Até porque sabia que a gente não tinha mesmo", ri Uyara. "O vídeo se tornou um viral, mas não era planejado. A gente até lançou outros dois vídeos, gravados no mesmo fim de semana", continua. "Não fizemos absolutamente nada de diferente com esses vídeos [bem menos populares que ‘Oração’]. Publicamos no Facebook, tudo foi feito igual".

Eles trabalham agora em um site, já que conseguiram fazer bom uso do Facebook e do YouTube para criar uma verdadeira comunidade em torno da banda – vide o álbum de estreia deles, previsto para setembro ou outubro, gravado com dinheiro de um financiamento coletivo online.

No primeiro canal social, criaram uma fanpage, com informações da banda, contatos da produção e da assessoria de imprensa, e até a agenda atualizada. "O que era feito com impressos antes, como cartazes e flyers, hoje fazemos somente pela internet", diz a vocalista. São mais de 60 mil pessoas ligadas pelo Facebook.

Já no segundo canal social, a banda faz um pequeno "vídeo chamada" sempre antes de qualquer apresentação. "Por exemplo: se vamos para Fortaleza, gravamos um pequeno vídeo para o pessoal de lá. E temos também usado a transmissão de vídeos pelo Twitter", diz a cantora. São mais de 20 mil seguidores no microblog.

"E é uma satisfação [transmitir ao vivo], porque o público está presente no nosso trabalho. Sempre programamos ficar 30 ou 40 minutos no ar, mas acabamos passando. A cada sessão acabamos falando com umas duas mil pessoas".

Para quem está começando agora, o tecladista Nisi recomenda que sempre se registre os shows de alguma maneira. Fotos e vídeos de boa qualidade podem ser levados para a internet, fazendo com que as pessoas cheguem mais facilmente até a banda.

"Quanto mais bem feito, melhor. Mas também não é o caso de se gastar rios de dinheiro", comenta ele. O clipe de "Oração" é um exemplo: foi filmado em alta definição, em plano sequência e com um formato inovador – o que rendeu diversas paródias depois.

"Uma banda precisa ser vista como um projeto de vida e não como uma meta profissional, do tipo ‘vou largar tudo e fazer isso’. É preciso ter boas ideias, criar conceitos, algo que ainda não foi dito", finaliza Nisi.

Nada é de graça
Para Fábio Silveira, gerente de novas mídias das gravadoras Deckdisc e Vigilante, uma banda novata precisa ter uma lição básica: não liberar nenhum material de graça. "É preciso pedir para o público algo em troca, desde a divulgação [por mídias sociais] até pagar pelo download", afirma ele, que cita a própria A Banda Mais Bonita da Cidade como exemplo.

"Eles eram uma banda nova, à procura de afirmação. Você não pode dar nada de graça, é preciso haver uma troca nas redes sociais, de um ‘like’ no Facebook a um tweet", afirma.

As mídias sociais são obrigatórias para ações online e offline, explica. A criação de um site, por exemplo, não é fundamental: ao contrário da criação de perfis no Facebook, YouTube, SoundCloud, Google+ e por aí vai. O objetivo é que exista a interação entre o artista e o fã, hoje crucial para o sucesso de um artista.

"São eles que farão mobilizações para você tocar no rádio e na televisão", diz Silveira, que abre até uma pequena cartilha de como provocar um boca a boca nos dias de hoje. "Encontre na sua música, clipe ou material o que está conectado com as questões do momento e dilemas do nosso tempo. Esse gancho pode ser o amor, direitos homossexuais, meio ambiente... Pode ser qualquer ordem", afirma.

Um exemplo que lhe vem à mente foi o clipe de "Heartlight", da banda curitibana (outra!) Homemade Blockbuster. No Dia dos Namorados, os músicos da banda espalharam máscaras de coração pelos faróis vermelhos da capital paranaense durante a madrugada. A intervenção urbana foi documentada e espalhada nas mídias sociais, mas não precisou ser conferida apenas na internet: os curitibanos que não estavam conectados naquele dia acordaram com a cidade cheia de corações.


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Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir