Categoria Policia  Noticia Atualizada em 17-07-2013

Alunos acusam PM de truculência em reintegração da reitoria da Unesp
Tropa de Choque desocupou o prédio na madrugada desta quarta-feira. Estudante diz ter presenciado agressão durante ação da PM.
Alunos acusam PM de truculência em reintegração da reitoria da Unesp
Foto: g1.globo.com

Estudantes retirados do prédio da reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no Centro de São Paulo, durante a reintegração de posse realizada na madrugada desta quarta-feira (17) acusam a Tropa de Choque da Polícia Militar de truculência. Segundo universitários ouvidos pelo G1 em frente ao 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, para onde foram levados 118 manifestantes que estavam no prédio ocupado desde a tarde desta terça (16), os policiais os ameaçaram e pelo menos um estudante ficou ferido. O comandante do policiamento da área central de São Paulo, coronel Reynaldo Simões Rossi, informou desconhecer qualquer prática violenta de policiais durante a reintegração, mas que tudo será apurado. "Se houve episódios de agressão, a PM não compactua com desvios de conduta", disse Rossi.

Segundo Micael Almeida, de 20 anos, estudante do curso de enfermagem da Unesp de Botucatu, a reitoria se negou a negociar com os estudantes e chamou a PM. Ele diz ter presenciado a agressão de um universitário. "A polícia chegou, cerca de 5h, entrou de forma truculenta.

Eles quebraram uma porta de vidro de onde nós estávamos e a porta estava aberta. Eles nos ameaçaram: ou nós saíamos ou eles iam usar de força bruta para nos tirar dali. Um aluno foi agredido pela Tropa de Choque", acusa.

Segundo a PM, os manifestantes que estavam no prédio da reitoria foram levados para o 2º DP em três ônibus e em duas vans por depredação. Fotos feitas dentro do prédio após a reintegração mostram móveis destruídos. Os estudantes detidos negam que tenha danificado o prédio e acusam a PM de provocar a destruição.

O estudante de filosofia Felipe Luiz, de 26 anos, do campus da Unesp em Marília, estava do lado de fora da reitoria com um amigo e uma garrafa de conhaque quando a PM chegou. "Os policiais chegaram correndo, gritando conosco, pegaram a garrafa e falaram que era gasolina. Cheiraram, viram que não era e jogaram a garrafa no chão. Nos trataram de forma grosseira. E quando estávamos no meio da rua, jogaram a garrafa na gente, falando que era coquetel molotov", diz.

Com o grande número de pessoas levadas para o distrito policial do Bom Retiro, parte dos manifestantes ficou do lado de fora, na rua. Policiais militares fizeram um cordão de isolamento. À medida que eles eram identificados pela Polícia Civil, os estudantes foram liberados.

A ocupação no prédio da reitoria da Unesp começou na tarde desta terça-feira. Entre as reivindicações dos estudantes que ocuparam a reitoria estão criar uma Coordenadoria de Permanência Estudantil (CPE), aumentar a participação de estudantes na composição da Comissão Permanente de Permanência Estudantil (CPPE), ceder uma sala para a instalação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e efetuar ações emergenciais de auxílio estudantil nos campi de Ourinhos e São Vicente.

Em nota, a Unesp informou que o pedido de reintegração de posse foi tomado para preservar o patrimônio público após diálogo "infrutífero" com os estudantes.
Portas quebradas

Segundo o coronel Rossi, a Tropa de Choque precisou danificar três portas no prédio da reitoria da Unesp para cumprir a reintegração. "Foi necessário o rompimento de três barreiras, entre portas de vidro, trancas e portas de madeira, cujo rompimento foi necessário para que nós pudéssemos alcançar esses jovens e permitir a retirada deles daquele ambiente".

O comandante contou que a entrada dos policiais foi dificultada por barreiras montadas com móveis da reitoria pelos estudantes, que poderão responder por dano ao patrimônio público, resistência e invasão. Não foram registradas apreensões de materiais ilícitos com os jovens, segundo Rossi. Há registros de depredação nos primeiro e segundo andares do edifício e de pichação no 12º andar, segundo o policial.

O coronel informou que apenas os alunos que estavam dentro da reitoria foram levados para a delegacia. Ainda segundo ele, foram encontradas câmeras de monitoramento desligadas e em posições que impossibilitavam a filmagem.

Segundo a Polícia Civil, o inquérito será instaurado no 3º Distrito Policial, nos Campos Elíseos, por dano ao patrimônio público, resistência e invasão. Alguns dos 118 estudantes detidos já prestaram depoimentos. Todos foram liberados e poderão ser indiciados de acordo com a participação nos delitos.

Ocupação anterior

Os estudantes da Unesp já haviam ocupado a reitoria no mês passado, no dia 27 de junho.

Eles desocuparam o local depois de entrarem em um acordo com a instituição para a ampliação das políticas de auxílio e permanência estudantil, como o aumento do número de bolsas-aluguel e bolsas para alunos de baixa renda, e o pagamento retroativo de bolsas de pesquisa. Ainda no mês passado, diversos campi da Unesp tiveram protestos, ocupações e greve de estudantes, funcionários e professores: Bauru, Marília, Franca, Ourinhos, Botucatu, Araraquara e São José dos Campos.

Na ocasição, a reitoria se comprometeu a elaborar uma proposta de obras para a construção de moradias e restaurantes, além de solicitar à assessoria jurídica o encaminhamento de propostas de ampliação da participação estudantil nos órgãos colegiados da instituição.

A assessoria de imprensa da Unesp afirmou que, desde então, a reitoria tem se reunido com os estudantes para dar seguimento às reivindicações.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir