Categoria Policia  Noticia Atualizada em 18-10-2013

Sonho brasileiro aquece comércio de documentos e vistos falsos no Haiti
Haitiano ofereceu visto falsificado por US$ 1.700 para repórter do G1. Desde o tremor de 2010, cerca de 20 mil haitianos imigraram para o Brasil.
Sonho brasileiro aquece comércio de documentos e vistos falsos no Haiti
Foto: g1.globo.com

Em Pétion Ville, bairro nobre da capital haitiana que abriga a embaixada brasileira em Porto Príncipe, o sonho de fugir da falta de trabalho no país mais pobre das Américas e migrar legal ou ilegalmente para o Brasil virou um nicho de negócio, onde despachantes, falsificadores, aliciadores, coiotes, atravessadores e negociadores tentam ganhar dinheiro. O G1 flagrou na frente do prédio da embaixada a venda de visto e de outros documentos falsificados, além de supostas facilidades que prometem acelerar a viagem dos haitianos ao Brasil.

John, de 28 anos, um dos que oferece serviços para ajudar haitianos na fila, disse à reporter que conseguia um visto para entrar no Brasil por US$ 1.700 (R$ 3.706). Ele não indicou, no entanto, quanto tempo demoraria para entregar o documento e afirmou que só passaria mais informações com a garantia do pagamento. Atestou que, com o visto, é possível "embarcar sem problemas".

Todos os dias, dezenas de haitianos se amontoam em frente à embaixada. Alguns dormem ali mesmo. John é um dos comerciantes que oferece seus serviços para ajudar os haitianos na fila. Por US$ 15 (R$ 32), preenche um formulário necessário para iniciar o processo e que está disponível gratuitamente na internet. Já por US$ 30 (R$ 65), ele monta um currículo.

De camisa e calça social, com um laptop em uma bolsa preta de mão, ele carrega panfletos oferecendo seus trabalhos como "J.J. Services" e garante obter os documentos necessários, expedidos por órgãos públicos, o quanto antes ao preço de US$ 100 (R$ 218) cada. Até mesmo uma entrevista para o visto para o próximo dia 21 de outubro ele promete conseguir.
John afirma que também está em busca do visto para o Brasil, que conhecia haitianos que imigraram ilegalmente e que só quer ajudar quem está em busca do documento.

Em janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7 deixou cerca de 300 mil mortos e milhares de desabrigados, destruindo a infraestrutura pública e privada do Haiti. Desde então, cerca de 20 mil haitianos já imigraram para o Brasil. Segundo a Polícia Federal, 10,8 mil entraram ilegalmente pela fronteira do Acre e pediram refúgio. Em 2013, o número de haitianos que migra desta forma triplicou - foram mais de 6 mil só nos primeiros nove meses deste ano. Outros 2 mil ainda estariam irregulares.
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Em 2012, o governo começou a expedir um visto de residência em caráter humanitário na embaixada em Porto Príncipe, reduzindo as exigências e cobrando US$ 200 (R$ 436) pelo documento. Até setembro deste ano, foram expedidos pela embaixada 3.951 vistos individuais e mais 817 vistos de família (que permitem levar a mulher e os filhos para o Brasil). Outros 614 foram expedidos na República Dominicana e no Equador.

Os haitianos reclamam, porém, das dificuldades em obter o documento e de marcar a entrevista. Com isso, buscam meios ilícitos para conseguir o visto.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir