Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 14-01-2014

"Custo a acreditar", diz idoso que perdeu família e amigos e
Aposentado de 89 anos pretende deixar a cidade e ir morar em Curitiba. Chuva deixou vários mortos e desaparecidos no interior de São Paulo.

Foto: g1.globo.com

O forte temporal que atingiu a cidade de Itaóca, no interior de São Paulo, deixou um rastro de destruição e vítimas fatais foram feitas pelo caminho. Entre elas, amigos de longa data do lavrador Marcelino de Matos, de 89 anos. Humilde, o aposentado lamenta a perda de pessoas com quem conviveu durante boa parte de sua vida. Segundo o último levantamento da Defesa Civil, divulgado na manhã desta terça-feira (14), dez pessoas morreram e outras dez estão desaparecidas.
A cidade de Itaóca foi atingida por um forte temporal, que começou na noite de domingo (12) e continuou durante a madrugada de segunda-feira (13). A Defesa Civil trabalha na cidade com a ajuda do Corpo de Bombeiros para tentar chegar em áreas que permanecem isoladas. Apiaí, município vizinho de Itaóca, também foi atingido pela tempestade. Não há registro de mortes, mas 50 moradias ficaram inundadas. Os moradores de Apiaí já voltaram para casa. O governador Geraldo Alckmin passou a noite na região acompanhando o trabalho das equipes e destacou que o mais importante nos trabalhos era salvar vidas.
Para Marcelino, é muito difícil explicar o falecimento dos amigos. "Perdi muitos amigos. Foi muito triste. Foram ‘compadres’ de uma vida toda que foram levados por essa chuva. O meu amigo Ayrton morreu. Além dele, também faleceram a mulher e o casal de filhos, muito jovens. É tudo muito triste. Ainda custo a acreditar no que aconteceu", desabafa.
O lavrador destaca ainda que parentes seus faleceram nesta catástrofe. "O meu sobrinho Luciano morreu junto com a mulher e a filha dele. A família está muito triste pelo que ocorreu. Não esperávamos", conta.

Após o temporal, que deixou Itaóca em estado de calamidade pública, o desejo de Marcelino Matos é deixar a cidade. "Passei quase a minha vida toda aqui, mas tenho filha, genros e netos fora daqui. Eles moram em Curitiba. Quero ir embora. Não quero mais ficar aqui. Moro sozinho desde que a minha mulher morreu e temo pelo que possa vir a acontecer comigo. Um amigo meu abandonou tudo, com medo de morrer. Não quero isso para mim", encerra.
Visita do Governador
O Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, chegou no Alto Ribeira na tarde desta segunda-feira. Ele visitou as áreas afetadas pela chuva e decidiu dormir na região para acompanhar os trabalhos de resgate nesta terça-feira. "A situação é de calamidade pública extremamente grave. A tromba d’água afetou diversas áreas e ainda causou deslizamentos".
Alckmin lembrou que outras cidades do Estado de São Paulo, como São Luiz do Paraitinga e Cunha, também foram atingidas e destruídas por fortes chuvas em outros anos. Depois da situação de calamidade pública, foram colocados sensores nas cidades que avisam quando o rio está começando a subir. Segundo o governador, esse tipo de medida pode ser implantado também no Vale do Ribeira. "Talvez seja possível. O chefe da Defesa Civil está estudando a situação. O ideal seria a construção de uma barragem para regularizar a bacia do Rio Ribeira. Há questões ambientais e está na Justiça. Agora é preciso dar todo apoio humanitário, salvar vidas, ajudar as famílias e depois ajudar a cidade, que é uma cidade carente. É uma região bastante montanhosa", afirma o governador.
Destruição
A cidade de Itaóca, que possui 3.332 habitantes, ficou parcialmente destruída por causa do temporal. Várias pontes e ligações viárias foram danificadas por causa das cheias. Segundo a Defesa Civil, o Rio Palmital subiu mais de cinco metros e causou a inundação de mais de 100 casas. Além disso, o município ficou durante várias horas sem fornecimento de energia elétrica e água. A luz voltou ao município no início da tarde de segunda-feira.
Prefeito lamenta situação
O prefeito Rafael Camargo conversou com a equipe do G1 nesta segunda-feira (13) e afirmou estar em "estado de choque" com a situação da cidade. "Eu nunca vi isso nem em filme. A situação chega a ser desesperadora. Fico imaginando as consequências que a população está enfrentando. A maioria da cidade está em choque. Perdemos muitos amigos que conviviamos no dia a dia", disse.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir