Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 12-02-2008

Após acidente, medo continua ao lado das linhas da CPTM
Atropelamento de mulher por trem assusta moradores de Rio Grande da Serra.Vítima de 35 anos conseguiu salvar o filho do acidente
Após acidente, medo continua ao lado das linhas da CPTM
Foto: Silvia Ribeiro

O atropelamento de uma mulher por um trem da CPTM em Rio Grande da Serra, no ABC, na noite de sábado (9) não impediu que moradores da região continuassem a cruzar a linha do trem para cortar caminho entre bairros. Dois dias após o acidente, a reportagem do G1 esteve no local e verificou intenso movimento de pessoas no ponto em que a empresa de trens chama de "travessia irregular".

No fim da tarde de segunda-feira (11), crianças, adolescentes e adultos que moram na região atravessavam e caminhavam sobre a linha do trem. Um morador percorria os trilhos com uma bicicleta. A pouco mais de 100 metros do local onde uma mulher morreu ao salvar um de seus filhos, um campo de futebol margeia a linha do trem.

Uma escola e uma Unidade Básica de Saúde (UBS) também ficam perto do local do acidente, ocorrido a cerca de 700 metros da estação. A linha do trem, cercada por bastante vegetação, não possui muros ao redor para impedir a passagem dos moradores. Tampouco há sinalização de que um trem passa pelo local. Para alertar os moradores, os maquinistas buzinam e acendem o farol ao percorrer a área.

'Campo da ferrovia'
Quem convive com a linha do trem não abre mão de cruzar a linha para "cortar caminho". Entretanto, o atropelamento assustou moradores. "Não deixo o meu filho de 8 anos brincar no campo de futebol nem se aproximar da linha do trem", conta a comerciante Ana Nery, de 28 anos. Ao lembrar que outros atropelamentos já ocorreram na região, ela pede que um muro seja construído para obstruir a passagem.

De acordo com o gerente de segurança da CPTM, Leopoldo Corrêa, o terreno onde passam os trens da empresa não pertence à CPTM, mas a uma empresa transportadora de carga. "Quem deveria colocar os muros é a empresa. Quando há alguma ocorrência dentro da faixa de domínio, a CPTM informa a empresa e pede que se tome a providência de construção de muros", argumenta ele.

Leopoldo Corrêa nega que, na região, tenham ocorrido outros acidentes. O operador de empilhadeira Carlos Eduardo dos Santos, de 27 anos, lembra, contudo, que, em novembro passado, um atropelamento tirou a vida de um amigo da mesma idade. "Já estava escuro, com neblina, o trem deu uma pancada", conta ele.

Carlos Eduardo diz que a morte da mulher no sábado passado assusta, mas que ele seguirá utilizando a travessia irregular. "É ruim por causa das crianças. Tem escola perto e as mães atravessam com as crianças", pondera.

Os atropelamentos que resultam em mortes diminuíram nos últimos três anos, segundo dados apresentados pela CPTM. Em 2005, foram registrados 49 casos, número que caiu para 45, em 2006, e para 27 no ano passado.
Segundo o gerente de segurança da CPTM, a imprudência de quem arrisca a vida ao cruzar as linhas é a principal causa dos acidentes. "Cada um tem a sua parcela de culpa. A culpa maior é daqueles que invadem a faixa de trilhos." É comum, afirma Leopoldo Corrêa, moradores abrirem buracos em muros logos após as vedações serem consertadas pela empresa de trens.

Duas campanhas educativas promovidas pela CPTM procuram conscientizar a população do perigo, voltadas a comunidades que vivem perto das linhas de trem e a estudantes. Agentes de segurança da empresa também circulam nos trechos de maior movimento, informa a empresa.

Após acidente, medo continua ao lado das linhas da CPTM.

Atropelamento de mulher por trem assusta moradores de Rio Grande da Serra.Vítima de 35 anos conseguiu salvar o filho do acidente.

Fonte:

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Por:  Miguel R. Pereira Netto    |      Imprimir