Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-07-2008

Seqüestro não termina na libertação, diz psicóloga
A ex-refém das Farc Ingrid Betancourt, libertada do cativeira na quarta-feira, disse neste sábado (5) que os médicos só lhe deram "boas notícias" sobre sua saúde.
Seqüestro não termina na libertação, diz psicóloga
Foto: AP Photo/Ricardo Mazalan

A ex-refém das Farc Ingrid Betancourt, libertada do cativeiro na quarta-feira, disse neste sábado (5) que os médicos só lhe deram "boas notícias" sobre sua saúde.

Ingrid deu as declarações na saído do hospital militar de Val-de-Grâce, em Paris, onde se internou para exames.

Astrid, irmã de Ingrid, disse que os resultados dos exames feitos pela ex-refém das Farc em Paris eram "satisfatórios", mas que os médicos recomendaram repouso a Ingrid.

Enquanto isso, seguem repercutindo as imagens (assista ao vídeo acima) do resgate de Ingrid e mais 14 reféns, realizado pelo Exército da Colômbia na quarta-feira (2).

Os colombianos divulgaram as imagens depois que, na sexta-feira, aumentou o rumor de que a operação para libertar os reféns teria sido uma fraude e de que, na verdade, US$ 20 milhões teriam sido pagos às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) pela libertação.

Paris em festa
A ex-candidata à presidência colombiana e seus familiares chegaram a Paris e foram recebidos em festa na sexta-feira. Ingrid encontrou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a primeira-dama, Carla Bruni, no aeroporto de Villacoublay, no subúrbio de Paris.

Logo depois de desembarcar, ela disse que "chorou muito" durante seu cativeiro de mais de seis anos, mas que, agora, "chorava de alegria" na chegada ao país. Ela disse também que iria se lembrar do momento por "muito e muito tempo".

Sarkozy afirmou que "toda a França estava feliz" pela chegada de Ingrid ao país.

Viajaram com a ex-refém desde Bogotá seus filhos, Mélanie e Lorenzo, sua irmã, Astrid, sua mãe, Yolanda Pulecio, e seu ex-marido, Fabrice Delloye. O chanceler francês, Bernard Kouchner, também estava no avião.

Durante a viagem, a ex-candidata presidencial colombiana disse a jornalistas que "devia sua vida" à França. "Se a França não tivesse lutado por mim, eu não estaria fazendo esta viagem extraordinária", disse, quase na chegada a Paris.

Sorridente, vestida de tailleur claro, Ingrid revelou que conseguiu dormir no Airbus presidencial, mesmo depois do "turbilhão" da véspera, quando reencontrou seus filhos após mais de seis anos de cativeiro.

"A França foi meu apoio não somente do ponto de vista moral como também por seu peso, por ter recusado qualquer operação militar e impedido o governo colombiano de lançar operações militares para libertar reféns pela força", disse.

Ela citou o caso de um de seus companheiros de cativeiro que fugiu, mas foi pego e fuzilado. "Se a França não estivesse por trás, provavelmente eu teria tido o mesmo destino", afirmou.

Ela reiterou seu desejo de encontrar o papa. "Irei ao Vaticano assim que me disserem que poderei abraçar o papa". A idéia de tocar o Papa, é de estar um pouquinho mais perto de Deus, é uma maneira de dizer "obrigada"".

O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, e milhares de pessoas comemoraram o resgate de Ingrid na prefeitura, diante de um cartaz com a conhecida foto da ex-candidata durante o cativeiro, sobre o qual foi colocado um letreiro com a palavra "livre".

Ela voltou a ser evasiva sobre a possibilidade de voltar à política. "Por enquanto, eu me vejo longe dela. Mas continuo tendo vontade de servir os colombianos", disse.

Ingrid, de 46 anos, chegou ao hospital pela manhã para uma série de exames mais complexos, entre eles o de sangue. Ela havia sido rapidamente examinada em Bogotá pelo chefe dos médicos da presidência francesa, Christophe Fernandez, especialmente enviado no avião que levou a família da ex-refém para a capital colombiana.

O médico deu um parecer positivo, sem no entanto eliminar a possibilidade de internação.

Ingrid parece bem desde que saiu de seu cativeiro de mais de seis anos, mas ela contou que ficou muito doente durante o período nas mãos das Farc.

Ela aparecia muito magra e doente num vídeo divulgado em novembro passado, que gerou preocupação entre seus parentes e amigos. Além das seqüelas físicas, especialistas advertiram contra possíveis traumatismos psicológicos ligados a anos de humilhação e frustrações.

Na sexta, ela havia dito que passaria pelos exames apenas por "desencargo de consciência", pois se sente "bem e feliz".

Seqüestro não termina na libertação, diz psicóloga


Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir