Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-11-2008

ONU inaugura nova sala em Genebra em meio a polêmica
Vista geral da nova sala do Conselho de Direitos Humanos da ONU inaugurada nesta terça em Genebra, na Suíça
ONU inaugura nova sala em Genebra em meio a polêmica
Foto: Salvatore Di Nolfi/EFE

colaboração para a Folha Online

O secretário-geral da ONU, Ban Kin-moon, inaugurou nesta terça-feira a nova sala do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça, reestilizada pelo artista espanhol Miquel Barceló. A obra, financiada em parte pela Espanha, gerou polêmica por causa do custo elevado do trabalho, orçado em mais de 20 milhões de euros (R$ 58 milhões).

Na inauguração, Ban afirmou que a nova sala representa um "símbolo do multilateralismo", ao elogiar o estilo inovador criado pelo artista. Barceló recobriu a abóbada da sala com estalactites multicoloridas de alumínio que mudam de tom dependendo do lugar de onde são vistas.

Ao notar o efeito, Ban o comparou ao modo como "os países e os povos têm perspectivas diferentes sobre os desafios que devemos afrontar", disse. O secretário fez um apelo para os diplomatas que se reunirão na sala, pedindo que tragam aos debates "o mesmo sentido de criatividade e inovação" que inspirou Barceló. "Sejamos ousados", completou.

A Sala dos Direitos Humanos e da Aliança das Civilizações, como passa a ser chamada, foi reestilizada com uma abóbada de 1.500 m2 coberta de cores brilhantes e custou mais de 20 milhões de euros (R$ 58 milhões). O artista usou mais de 100 toneladas de tinta com pigmentos importados do mundo inteiro.

O teto demorou um ano para ser feito e Barceló trabalhou com arquitetos, engenheiros e físicos para desenvolver um alumínio forte para que a abóbada não cedesse.

"Este espaço é um pouco de ficção científica, é como um conselho intergalático, com gentes e idiomas muito diferentes, com opiniões tão opostas", disse Barceló, 50, considerado um dos principais expoentes da arte contemporânea.

Polêmica

O governo espanhol disse que arcou com 40% dos custos da obra e o restante teria sido pago por doadores privados. Do dinheiro público, 500 mil euros (R$ 1,4 milhão) são provenientes de um fundo para o desenvolvimento e de organizações internacionais como a ONU.

O Partido Popular (PP) da Espanha, de oposição, reclamou, dizendo que esse dinheiro poderia ter sido usado para projetos contra a pobreza e para a saúde em países subdesenvolvidos.

O deputado conservador do PP Gonzalo Robles questionou o governo espanhol, perguntando no Parlamento sobre "quantas milhares de crianças teriam sido cuidadas" com o dinheiro. Os socialistas, partidários do presidente José Luis Rodríguez Zapatero, o acusaram de estar misturando os fatos.

Uma entrevista de imprensa com Barceló e o ministro das Relações Exteriores da Espanha foi cancelada em Genebra por causa da polêmica. O governo espanhol também se recusou a divulgar o quanto foi pago ao artista. Ainda assim, a comissão espanhola em Genebra o agradeceu por colocar seus "talentos únicos em um trabalho a serviço do mundo".

O Palácio das Nações Unidas em Genebra, onde fica a nova sala, foi construído entre 1929 e 1938 para sediar a Sociedade das Nações. Depois da Segunda Guerra Mundial passou a ser a sede européia da ONU.

Com agências internacionais

ONU inaugura nova sala em Genebra em meio a polêmica.

Vista geral da nova sala do Conselho de Direitos Humanos da ONU inaugurada nesta terça em Genebra, na Suíça. A cúpula foi desenhada pelo artista espanhol Miguel Barceló. A obra, financiada em parte pela Espanha, gerou polêmica por causa do custo elevado do trabalho, orçado em mais de 20 milhões de euros (R$ 58 milhões).


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir