Categoria Ci�ncia e Sa�de  Noticia Atualizada em 23-08-2012

Centros de transplantes enfrentam obesidade de doadores
Quando os rins de sua m�e come�aram a falhar, h� tr�s anos, Ed Guillen soube o que teria de fazer: doar um de seus rins para ela.
Centros de transplantes enfrentam obesidade de doadores
Foto: nytsyn.br.msn.com

Mas Guillen recebeu um susto durante uma chamada telef�nica com a Cl�nica de Transplante Renal de Stanford, onde sua m�e estava sendo tratada.

Quando os rins de sua m�e come�aram a falhar, h� tr�s anos, Ed Guillen soube o que teria de fazer: doar um de seus rins para ela. Mas Guillen recebeu um susto durante uma chamada telef�nica com a Cl�nica de Transplante Renal de Stanford, onde sua m�e estava sendo tratada. Ele era ineleg�vel para ser doador, mesmo antes dos testes de compatibilidade gen�tica.

Com 1,77 m de altura e pesando em torno de 127 kg, Guillen, desenvolvedor de software de 39 anos de idade em Redmond, Washington, foi considerado muito pesado para doar um �rg�o sem colocar sua pr�pria sa�de em potencial perigo. Ele foi informado que teria que perder mais de 70 quilos antes da cl�nica consider�-lo como candidato.

Essa � mais uma consequ�ncia inesperada ao excesso de peso dos norte americanos: um n�mero crescente de potenciais doadores de �rg�os n�o se qualifica para doar por causa de seu peso.

"Eu acho que � uma luta constante que todos os centros de transplantes t�m que enfrentar," disse a Dra. Sandra Taler, nefrologista da Cl�nica Mayo, que estuda a sa�de dos doadores para transplantes. O aumento da obesidade tem gerado pequenos esfor�os, por�m crescentes, para que mais aten��o seja dada � sa�de dos doadores obesos, cujos riscos n�o s�o ainda completamente compreendidos. N�o h� um limite de peso para o doador, mas um pouco mais da metade dos centros de transplantes limita os doadores com �ndice de massa corporal acima de 35.

Cerca de 10 por cento n�o permite doadores com �ndice de massa corporal acima de 30, geralmente j� considerado um valor que indica obesidade, enquanto o resto permite que algumas pessoas mais pesadas possam ser doadoras. "Parte da escassez de doadores de rins vivos deve-se aos crit�rios rigorosos que estamos aplicando a nossos candidatos a doadores em vida que v�m para a avalia��o," disse a Dra. Mala Sachdeva, do Centro de Transplantes do Hospital da Universidade da Costa Norte, em Long Island, onde 23 dos 104 potenciais doadores que contataram o centro nos �ltimos tr�s anos eram obesos m�rbidos, excedendo o limite de IMC de valor 35 usado no centro. Tr�s deles perderam peso e doaram. Outros 24 potenciais doadores tinham IMC acima de 30, grupo que alguns centros teriam exclu�do.

Os dados nacionais sobre quantos candidatos a doadores s�o exclu�dos por causa da obesidade s�o escassos, mas especialistas suspeitam que os n�meros sejam significativos. Isso ocorre num momento em que mais de 92.000 pessoas em todo o pa�s est�o � espera de um transplante de rim, e a preval�ncia da doen�a renal est� crescendo em muitos casos por causa das crescentes taxas de diabetes e hipertens�o associadas � obesidade.

Mas, mesmo com o fato de alguns centros estarem mais preocupados com esse perigo, o percentual de doadores obesos aceitos cresceu de cerca de 14 por cento em 2000 para cerca de 20 por cento em 2008. Os doadores com IMC acima de 35 continuam sendo relativamente raros, representando cerca de 2 por cento de todos os doadores.

Embora os doadores obesos corram um risco maior de pequenas complica��es cir�rgicas, complica��es maiores s�o raras. Os m�dicos se preocupam mais com a sa�de dos doadores nos anos seguintes � opera��o, j� que a obesidade aumenta o risco de doen�a renal.

"A quest�o �: se voc� tem um rim, existe um risco maior de contrair insufici�ncia renal mais cedo do que se tivesse os dois?", disse Taler. "Voc� pensa que a resposta � �bvia, mas n�o �."

Em doadores saud�veis de peso normal, cujos riscos s�o mais compreendidos, o risco � semelhante ou mesmo menor para a insufici�ncia renal em compara��o � popula��o geral. Mas n�o houve estudos com doadores de rim obesos ao longo de d�cadas. Os m�dicos temem que um s� rim em doadores obesos possa gerar uma sobrecarga, colocando-os em maior risco para a doen�a.

Os rins comp�em a grande maioria dos �rg�os doados em vida, mas a obesidade � tamb�m um problema crescente entre os doadores de f�gado, que doam parte desse �rg�o. Potenciais doadores obesos, vivos e falecidos, muitas vezes t�m doen�a hep�tica gordurosa n�o alco�lica, sendo arriscada a doa��o por doadores vivos e menos eficaz para o destinat�rio. J� a diabetes tipo 2, que geralmente acompanha a obesidade, pode impedir a doa��o de rim por doadores vivos e falecidos.

Embora alguns centros de transplante ofere�am nutricionistas do hospital aos potenciais doadores obesos, os pacientes frequentemente devem buscar outros lugares para perder peso se quiserem cumprir os crit�rios rigorosos de doa��o. E um peso aceit�vel no momento da doa��o n�o � uma garantia de que o doador v� manter o peso.

Os centros de transplantes s�o obrigados a acompanhar os doadores por dois anos ap�s a cirurgia, mas o acompanhamento ocorre muitas vezes por telefone, e muitos centros n�o conseguem coletar informa��es completas.

Alguns hospitais est�o fazendo um esfor�o para realizar o acompanhamento pessoalmente e est�o criando programas de bem-estar ap�s a doa��o. O Hospital Mount Sinai de Nova York, por exemplo, convida os doadores a participar de um curso de bem-estar seis semanas ap�s a doa��o, que inclui ioga, aulas de nutri��o e apoio psicol�gico.

Os defensores do bem-estar dos doadores esperam que mais centros de transplantes passem a ver a doa��o de rim e o acompanhamento de doadores como uma oportunidade de ajud�-los a se comprometer a cuidar de seus corpos, e n�o apenas como um conjunto de formul�rios a serem preenchidos. Alysun Deckert, nutricionista na Universidade de Washington e maratonista, por exemplo, � volunt�ria desde 2001 como l�der da equipe Team Transplant, um grupo de corrida composto por mais de 100 pacientes transplantados, doadores e m�dicos.

Guillen, que esperava doar um rim � sua m�e, se inscreveu em um programa chamado 20/20 Lifestyles, que oferece orienta��o nutricional e sess�es de personal training. Ele perdeu 90 quilos em oito meses, o suficiente para se qualificar para os exames para doa��o, e foi escolhido por ter uma boa compatibilidade gen�tica.

"Antes eu andava de bicicleta 8 quil�metros rua abaixo at� um pub, tomava algumas cervejas e voltava, e era isso que eu considerava um treino", disse ele. Guillen come�ou a correr at� uma hora quase todos os dias e a levantar pesos, um h�bito que manteve at� abril, quando ele doou um rim � sua m�e.

Ambos est�o bem, embora Guillen n�o tenha sido autorizado a correr por seis semanas ap�s a opera��o. Agora ele est� voltando � sua rotina de exerc�cios.

"Para aqueles que est�o muito motivados a doar e fazer uma mudan�a significativa em sua sa�de pessoal, isso pode ser uma motiva��o muito grande", disse o Dr. Tan Jane, de Stanford, que viu Guillen antes e depois de sua doa��o. "� realmente muito bom para um m�dico envolvido ver um benef�cio na sa�de do doador ou do receptor."




Fonte: nytsyn.br.msn.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir